Qual a origem do Outubro Rosa?

Em 1994 o Outubro Rosa surgiu como uma campanha global para alertar a população sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama.

Setenta países participam do Outubro Rosa, gerando avanços significativos na pesquisa médica e na qualidade de vida dos pacientes com câncer de mama.

No Brasil, o Outubro Rosa começou em outubro de 2002, quando o Obelisco do Ibirapuera, em São Paulo, foi iluminado com luzes cor de rosa.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o câncer de mama é o mais incidente em mulheres (excluindo os casos de pele não melanoma), sendo responsável por 24% do total de casos de câncer no mundo em 2018. A OMS estima que no mundo ocorram cerca de 1.050.000 casos de câncer de mama por ano. Ele representa a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres.

Qual é o exame indicado para o rastreamento do câncer de mama?

Conforme as Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama, a mamografia é o único exame cuja aplicação em programas de rastreamento apresenta eficácia comprovada na redução da mortalidade por câncer de mama. O rastreamento mamográfico é uma prática na qual se realizam mamografias em mulheres que não apresentam sintomas aparentes de câncer de mama ou riscos elevados para a doença, com o objetivo de detectá-la precocemente.

O impacto do rastreamento mamográfico na redução da mortalidade por câncer de mama pode chegar a 25-30%.

O rastreamento pode ser oportunístico (o que ocorre no Brasil) ou organizado. No primeiro, o exame de rastreio é ofertado às mulheres que oportunamente chegam às unidades de saúde, enquanto o modelo organizado convida formalmente as mulheres na faixa etária alvo para os exames periódicos, além de garantir controle de qualidade, seguimento oportuno e monitoramento em todas as etapas do processo. A experiência internacional tem mostrado que o segundo modelo apresenta melhores resultados e menores custos.

Quando iniciar as mamografias de rotina?

A mamografia de rotina é recomendada para mulheres de 50 a 69 anos, uma vez a cada dois anos. A mamografia nessa faixa etária na periodicidade bienal são rotinas adotadas na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado (não é o caso do Brasil, onde é realizado de maneira aleatória) do câncer de mama e se baseiam na evidência científica do benefício dessa estratégia na redução da mortalidade nesse grupo e no balanço favorável entre riscos e benefícios.

No Brasil, como não temos uma política de rastreamento do câncer de mama, preconiza-se realizar a mamografia a partir dos 40 anos de idade, anual ou bianualmente, a depender da indicação do seu médico ginecologista ou mastologista.

Quem são os pacientes com alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama?

Aproximadamente 5% dos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres com alto risco para desenvolvimento dessa neoplasia. Recomenda-se acompanhamento clínico individualizado para essas mulheres. Quem são as mulheres com alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama?

  • Mulheres que apresentam alterações dos genes BRCA 1 e BRCA 2 (síndrome de câncer de mama e ovário hereditários): 70 a 80% dos casos;
  • Alteração da TP53 (síndrome de Li-Fraumeni) e PTEN (síndrome de Cowden) 9,
  • Mulheres com histórico de radioterapia supra diafragmática antes dos 36 anos de idade para tratamento de linfoma de Hodgkin.

Descobri que tenho alto risco de desenvolver câncer de mama, o que devo fazer?

Para o rastremanto destas mulheres, associa-se a Ressonância Magnética das Mamas ao exame mamográfico anual. Em geral esse rastreamento se inicia aos 30 anos de idade, ou então 10 anos antes da idade na qual a parente mais próxima recebeu o diagnóstico de câncer de mama.

Durante a pandemia pela COVID 19, calcula-se que aproximadamente 50.000 pessoas deixaram de realizar o rastreamento de câncer em todo o Brasil. O impacto é ainda maior, segundo as projeções do INCA de cerca de 600.000 novos casos por ano. A falta ou o atraso dos exames assusta: a doença pode se manifestar lá na frente, em estágio avançado e com poucas perspectivas de cura.

Durante um mês, de 1º a 31 de outubro, todos são convidados a alertar homens e mulheres para este câncer que pode afetar qualquer idade: 10% dos casos de câncer de mama são em mulheres com menos de 35 anos e 1% em homens.

Este ano, sejamos “Todos unidos pela mesma cor” para reduzir a doença.


Por Vanessa Sales Vilar Abud
Médica Responsável pela ressonância magnética das mamas da Med Medicina Diagnóstica, Medig e Ser Imagem.
Especialista e Membro Titular da Sociedade Paulista de Radiologia e do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem.
Doutorado em Radiologia Clínica pela Universidade Federal de São Paulo.
Fellowship em Ressonância Magnética de Mamas pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center, New York/NY, USA.
Especialização em Radiologia Mamária pelo Institut de Cancérologie Gustave Roussy, Paris / França.
Médica pesquisadora do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo – SP

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